SBDV

Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária

Primeira sociedade latinoamericana de dermatologia veterinária*


Fundação 16 de março de 2000

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Caso 2

Identificação

• Cadela
• Weimaraner
• 7 anos de idade

Histórico/anamnese

• lesões moderadamente pruriginosas de surgimento abrupto.
• evolucao de cerca 20 dias até ser trazida para atendimento.
• Nega antecedentes mórbidos distantes.
• Infecção de trato urinária recente (terapia com Sulfa potencializada)
• Manejo dietético-sanitário adequados, sem ectoparasitas.
• Sem contactantes

Exame Físico:




Exames complementares

• Exame parasitológico de raspado cutâneo: negativo
• Exame citológico: céls. inflamatórias, fibrina

Diagnóstico:

• A esclarecer

Perguntas:

• Quais exames voçe solicitaria ?
• Qual(s) seu(s) provável (s) diagnóstico (s) ?

Relolução

A Farmacodermia, também conhecida como erupção cutânea a drogas e dermatite medicamentosa, se constitui em quadro mórbido, pleomórfico e recidivante. Trata-se de reação adversa que pode ocorrer com qualquer classe de medicamento ou imunógeno e independentemente da via de aplicação (tópica, oral ou parenteral).

A incidência é relativamente baixa, de aproximadamente 2% dos casos dermatopáticos de caninos e 1,6% em felinos. Acredita-se que as formas mais brandas e transitórias de farmacodermia possam passar desapercebidas, e portanto, sem a confirmação do diagnóstico.

Estas reações podem ser classificadas de acordo com a etiopatogenia, sendo elas previsíveis ou imprevisíveis (idiossincrasicas). Também podemos classificá-las em alérgicas ou não alérgicas.

As alérgicas envolvem qualquer um dos quatro tipos de reação de hipersensibilidade, isoladamente ou em associação (tipo I, II, III e IV) e mesmo doses pequenas podem levar a grandes reações.

Aquelas não alérgicas envolvem a ativação direta dos mastócitos, ativação do sistema complemento e do metabolismo do ácido araquidônico, existindo uma relação de dose e efeito.

Tem-se, ainda, os o grupo de intolerância medicamentosa, da deficiência enzimática e de defeitos no metabolismo por parte do paciente, podendo ainda estar associado a super dosagem, interações medicamentosas e reações fotoquímicas, entre outras.

Na bibliografia refere-se a predisposição de algumas raças às reações medicamentosas, tais como Poodles, Bichon Frises, Yorkshire e Silk Terries, no caso das vasculites (reação no local de aplicação), especialmente com as vacinas anti-rabicas; dos Dobermans às sulfas e dos Schnauzer miniatura a xampus e a injeções de sais de ouro. Não há aparente predisposição etária ou sexual relatada, todavia os animais atópicos são mais frequentemente acometidos. Não há evidências de que gatos FIV e FeLV positivos sejam predispostos.

Nos seres humanos os trabalhos sugerem uma predisposição maior de mulheres, neonatos e idosos, e daqueles portadores de algumas doenças, tais como hipotiroidismo, doenças, renal ou hepática, pré-existente.

Trabalhos mais recentes sugerem que a glicoproteina-P, localizada no gene MDR1 (“Multidrug Resistence Gene”) ou ABCD1 seria uma das proteínas responsáveis pela absorção, distribuição, metabolização e excreção de várias drogas, explicando, em parte a variação individual e racial das respostas farmacodérmicas. Mutações nesta proteína determinaria o surgimento de reações adversas medicamentosas.

Futuramente, poder-se-a determinar através de identificações genéticas, quais raças e linhagens apresentam mutação no código genético MDR1, facilitando a escolha de medicamentos mais seguras para a terapia.

Entre as mutações identificadas a MDR1-1- delta afeta a função da glicopoteina-P, levando a mais reações adversas e a quadros tóxicos decorrentes do emprego de ivermectinas, digoxina e loperamida, dentre outras drogas.

O diagnóstico das farmacodermias é realizado pelo aspecto lesional, e principalmente, pelos dados oriundos da anamnese. As lesões podem se manisfestar em pontos de aplicação, podendo ser simétricas, localizadas ou generalizadas. Apresentam-se sob a forma de urticária, angioedema, erupções máculo-papulares, eritema, eritrodermia ou púrpuras, esfacelo, erupções vésico-bolhosas dentre outras formas.

Podem acometer a pele, as junções muco-cutâneas, coxins palmo-plantares e as mucosas (conjuntival, oral, esofágica). Pela anamnese pode-se coligir dados referentes à utilização de imunógenos ou de medicamentos, semanas (habitualmente, cerca de três semanas) ou mesmo meses antes da evidenciação das lesões.

Entre as drogas mais frequentemente envolvidas estão antibióticos (cefalexina, enrofloxacinas e sulfas), anti-inflamatórios, vacinas, vermífugos e diversos produtos de uso tópico; mas quaisquer medicamentos ou até vitaminas podem ocasionar tais reações.

O histopatológico permitirá, na maioria dos casos, estabelecer o diagnóstico definitivo por apresentar algumas facetas características de eritema multiforme, necrólise epidérmica tóxica, ou apenas de dermatite perivascular, interticial e sub-epidérmica, dermatite de interface e paniculite, podendo até mimetizar os pênfigos e o penfigoide bolhoso.

O prognóstico é sempre reservado e depende da evolução do quadro. A terapia consiste na pronta interrupção da medicação, evitando-se a administração de qualquer outro farmaco. Pode se for necessário administrar corticóides ou outras drogas imunossupressoras afora a terapia de suporte. Em medicina humana tem-se administrado imunoglobulinas na forma intravenosa na dose de 1,0g/kg/dia por cinco dias, nas primeiras 72 horas após o início do quadro cutâneo.

Os sócios quites da SBDV, poderão, caso haja interesse requisitar à Diretoria Científica, pelo sbdv@sbdv.com.br, o envio por e-mail, de artigo extraido dos anais do Congresso da WSAVA (2005) envolvendo o tema, com abordagem mais detalhada do quadro.

Sugestões de referencias bibliograficas:

• FLORIÃO, R.A.; STERNICK, M.; Farmacodermias - Estudo é um grande desafio; Rio Dermatologico , abril-junho, p.05, 2003.
• LARSSON, C.E.; Dermatoses Alérgicas – hipersensibilidade medicamentosa (HM); Clinica Veterinária , v.5, n°1, p. 351-355.

• MEALEY, K.L.; Adverse Drug Reactions in Herding – Breed Dogs: The ole of P-Glycoprotein; Continuing Education for the Practicing Veterinarian , v.28, n°1, p.23-33, 2006.

• SCOTT D.W.; MILLER Jr. W.H.; Idiosyncratic Cutâneos Adverse Drug Reactions in the Dog: Literature Review and Report of 101 Cases (1990-1996); Canine Practice , v.24, n° 5, p16-22, 1999.

• SCOTT, D.W.; MILLER Jr. W.H.; GRIFFIN, C.E.; Immune-Mediated Disorders, In: _____. Muller and Kirk´s Small Animal Dermatology , 6 o ed. Philadelphia, Saunders, p.720-729, 2001.

• ZAGNE, V.O.O. et al, Necrolise epidérmica toxica (Síndrome de Lyell) – Tratamento com imunoglobulina; Rio Dermatologico , julho-setembro, p.10, 2004.


São Paulo, maio de 2006.
MV. Edward Ludovicus Hellebrekers
CRMV-SP 9238
Conselheiro da SBDV
Gestão 2006-2009

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